segunda-feira, 13 de abril de 2009

Memória dos meus Quinze

Eu sempre gostei muito de machucar quem eu amo, de ver o poder que tenho sobre tudo o que me rodeia, tudo o que alimenta o meu ser, até sobre o ar poluído que eu respiro e adoro. Sempre desejei ficar só, reclamava que os meus pais/irmãos nunca me deixavam sozinha em casa, e eu não tinha muito tempo para pensar nas minhas coisas (sonhos sem cabimento e afim), e quando eu ficava só, aproveitava cada momento fazendo o que nunca tinha oportunidade de fazer, ou seja, fumando cigarros da minha mãe escondido, vasculhando 'segredos', afim de encontrar uma coisa que realmente me surpreendesse e alterasse o pensamento de vida pacata que eu achava que os meus pais levavam.
Eu sempre achava alguma coisa que eu levava comigo guardado debaixo do meu colchão, fosse um diário antigo, uma carta, ou um album de fotografias antigas, gostava de ver antes de dormir, me comparando com minha mãe, nas coisas mais lindas, amores impossíveis e sonhos sem cabimento, assim como eu tinha, com o meu pai, era a aparência física que me fazia achar impressionante e ter uma noção de como eu vou ficar no futuro.
E sempre eu queria estar longe de lá por alguma razão, por ser diferente, ou pra ficar com os meus amigos, beber em algum lugar, ou todas as coisas erradas que eu fiz para poder deixar aqueles dois velhos sozinhos naquela casa imensa, preocupados com o meu bem-estar.... eu realmente não me importava aparentemente, mas quando a vida ferrava comigo, era no peito dela que eu tornava a deitar, sentindo aquele cheiro de pele limpa com cigarro que eu gostava desde pequena... com Ele, eu sou meio fechada, talvez por ele ser, mas ele nao entende o meu jeito de amar, o jeito que sempe dói.
Enfim, hoje eu consegui metade do que eu quis, que foi a liberdade, estar em outro lugar atrás dos meus objetivos, outra cultura, outras pessoas, outra vida... mas nada disso me satisfaz, nada disso me completa, eu sinto falta de ter a casa cheia, das preocupações, do latido dos cachorros, de tudo, não da pra ver um filme do Rocky Balboa, que me destrói o coração, mas a vida é isso, e eu tenho que passar dessa fase pra conseguir seguir em frente. No final das contas, eu sempre fui independente, sempre tive minha liberdade forçada por mim, mas estar longe deles, e lembrar da fisionomia de algum deles rindo, me tira água dos olhos o tempo todo.

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