domingo, 26 de abril de 2009

Domingo.

É engraçado esse negócio de se apaixonar pelo novo, eu me apaixonei e não quero mais conviver com os meus fantasmas... EU NÃO QUERO VOLTAR!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Memória dos meus Quinze

Eu sempre gostei muito de machucar quem eu amo, de ver o poder que tenho sobre tudo o que me rodeia, tudo o que alimenta o meu ser, até sobre o ar poluído que eu respiro e adoro. Sempre desejei ficar só, reclamava que os meus pais/irmãos nunca me deixavam sozinha em casa, e eu não tinha muito tempo para pensar nas minhas coisas (sonhos sem cabimento e afim), e quando eu ficava só, aproveitava cada momento fazendo o que nunca tinha oportunidade de fazer, ou seja, fumando cigarros da minha mãe escondido, vasculhando 'segredos', afim de encontrar uma coisa que realmente me surpreendesse e alterasse o pensamento de vida pacata que eu achava que os meus pais levavam.
Eu sempre achava alguma coisa que eu levava comigo guardado debaixo do meu colchão, fosse um diário antigo, uma carta, ou um album de fotografias antigas, gostava de ver antes de dormir, me comparando com minha mãe, nas coisas mais lindas, amores impossíveis e sonhos sem cabimento, assim como eu tinha, com o meu pai, era a aparência física que me fazia achar impressionante e ter uma noção de como eu vou ficar no futuro.
E sempre eu queria estar longe de lá por alguma razão, por ser diferente, ou pra ficar com os meus amigos, beber em algum lugar, ou todas as coisas erradas que eu fiz para poder deixar aqueles dois velhos sozinhos naquela casa imensa, preocupados com o meu bem-estar.... eu realmente não me importava aparentemente, mas quando a vida ferrava comigo, era no peito dela que eu tornava a deitar, sentindo aquele cheiro de pele limpa com cigarro que eu gostava desde pequena... com Ele, eu sou meio fechada, talvez por ele ser, mas ele nao entende o meu jeito de amar, o jeito que sempe dói.
Enfim, hoje eu consegui metade do que eu quis, que foi a liberdade, estar em outro lugar atrás dos meus objetivos, outra cultura, outras pessoas, outra vida... mas nada disso me satisfaz, nada disso me completa, eu sinto falta de ter a casa cheia, das preocupações, do latido dos cachorros, de tudo, não da pra ver um filme do Rocky Balboa, que me destrói o coração, mas a vida é isso, e eu tenho que passar dessa fase pra conseguir seguir em frente. No final das contas, eu sempre fui independente, sempre tive minha liberdade forçada por mim, mas estar longe deles, e lembrar da fisionomia de algum deles rindo, me tira água dos olhos o tempo todo.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

PASÁRGADA

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.



Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Faca de dois Gumes

Cidade grande, carros rapidos, tempo voa, pessoas morrem, outras nascem, bandido e suas maldades, beijo na boca, hálito de cigarro, o gosto da skoll, trabalho na cara, faculdade acessível, pouco dinheiro, chuva na cara, maquiagem borrada, nariz vermelho, água salgada nos olhos, suadades, lembranças, egoísmo, destino, correr, 2 kg, feijão e arroz, risos, frio na barriga, sangue na barriga, sangue no pescoço, sangue pelas veias, raiva, confusão, respeito, responsabilidade, cadê meu pai e minha mãe? e meus amigos? vai, vem, fica, volta, trai, termina, omite, desespera, aceita, ama, ama muito, mas nunca se sabe o que vem amanhã.

Bons Leitores