terça-feira, 8 de abril de 2008

Por que pedaços de mulher.

" Em busca da verdade aprendi a ouvir e acredito que cada um tem uma grande história pra contar, pois somos artistas criadores de contos, escritores fantásticos dos poemas da vida, em cada dia pintamos quadros expressivos de nosso cotidiano, sem perceber cantamos nem sempre em belos tons, melodias, óperas, cançonetas e romances... e se prestarmos atenção, poderemos extrair ensinamentos valiosos...
Nasci em Alenquer, mas poucas lembranças tenho dessa terra que me serviu de manjedoura. E quando tinha cinco anos, meus pais voltaram á belém.
Tenho vivo nas lembranças as peripécias que vivi na cidade, nesta cidade maravilhosa que meu peito clama com ardor. Este cheiro agre-doce de terra e folha molhada. Da chuva que teima em manter presente o que o progresso afasta a cada dia. Da rotina das tacacazeiras em colocar sua banca na calçada molhada e seu cheiro embriagador de fim de tarde. Das mangueiras embalando seus frutos presenteando os transeuntes, da bola no campinho improvisado, do sol que doura as manhãs enchendo-nos de vida...
Estão latentes em mim, os risos dos meninos correndo atrás de sapos e frangos parar operá-los, das lutas de minha mãe em tentar dazer de mim uma menina normal; da minha rebeldia em não aceitar os vestidos de laços e rendas que me picavam o corpo, do meu padecer nas mãos de minha irmã querendo fazer tranças em meus cabelos que mais parecia vingança das travessuras que fazia com ela.
Engraçado como pequenas coisas ficam grandiosamente incrustadas em nós!
Eu fui uma dessas crianças afortunadas com o que vivi. Com um manancial de experiências! Corria em cima de pontes atrás de "papagáios", jogava "bode"nos fios de luz (energia), sempre acompanhando os meninos que não estranhavam a minha presença, e as tardes quando minha mãe saia, pulava a janela e ia jogar bola com eles, ou melhor, queria jogar, nunca tinha vaga. Mas eu ficava ali do lado do campinho, esperando, esperando e torcendo para alguns dos meninos se machucar, assim eu poderia substitui-lo. Outroas vezes, ia jogar peteca e pião.
Assim eram os meus dias, cheios de aventuras e emoções."


Reneê Alves
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Esse, é só um pequeno pedaço da introdução do livro, finalmente, depois de uns dez anos, vai conseguir ser lançado, eu tenho orgulho das coisas que ela escreve, um dia quero chegar a ser metade do que ela é, não só como mãe, esposa e amiga, mas como mulher mesmo, obrigada mãe, e obrigada por me deixar participar desse grande feito.

Bons Leitores