quarta-feira, 23 de janeiro de 2008


se por acaso
a gente se cruzasse
ia ser um caso sério
você ia rir até amanhecer
eu ia ir até acontecer
de dia um improviso
de noite uma farra
a gente ia viver
com garra

eu ia tirar de ouvido
todos os sentidos
ia ser tão divertido
tocar um solo em dueto

ia ser um riso
ia ser um gozo
ia ser todo dia
a mesma folia
até deixar de ser poesia
e virar tédio
e nem o meu melhor vestido
era remédio

daí vá ficando por aí
eu vou ficando por aqui
evitando
desviando
sempre pensando
se por acaso
a gente se cruzasse...

terça-feira, 22 de janeiro de 2008


Mas é claro que esqueceremos das coisas um belo dia onde tudo estiver mais claro e mais maduro, com o tempo acho que as pessoas não amadurecem tannnto assim, eu vejo tantos casos de adultos sendo muito mais ridículos do que adolescentes, essa diferença não deveria ser tão grande, acredito que as pessoas cresçam em valores intelectuais e não amorosos, no teu intelecto, podes simplesmente te esforçar bastante e crescer na vida(ou não), mas no amor, acho que isso nunca muda, se bem que toda regra tem exceção e eu não sei porque eu to escrevendo isso, mas simplesmente apssou pela minha cabeça, e aqui tem sido meu bloco de notas de agora.
Mudando e assunto, acho que esses namoros de "agora", são pura enganação, não que os de antes tenham não tenham sido, mas enfim, nao consigo me expressar totalmente, parece que as pessoas de antigamente tinham mais medo de perder as outras, hoje em dia, tu "amas" alguém em uma semana, um mês, um dia, uma hora, simplesmente a palavra sái e tu nem te tocaste se realmente tu amas a pessoa, e quando acaba, tu odeias, ou pensa "foda-se eu nem gostava tanto dela(dele) assim", enganação? qual das duas partes? se enganou que amou? ou se enganou que não amou? não existe ninguém sem porcento verdadeiro namorando, sempre tas gostando de mais pessoas, "amando um" e apaixonado por outro, e assim vai, monogamia não existe, e quem realmente acredita, só lamento, enganar, trair, mentir, faz parte do ser humano. Sexo, vontade e respeito, estão totalmente separados, por vontadezinhas, acabamos estragando as coisas, ficando com peso na consciência, talvez o porque de tudo isso, esteja ligado á insegurança que todos temos, ao medo que temos de "perder oportunidade", podes amar a pessoa, mas não gostar do cheiro dela, ou não gostar de algumas atitudes, mas mesmo assim, não vais deixar de ama-la, e por outro lado, acho que esses pequenos deslizes sejam necessários, pra botar pra fora o que sentimos, e conseguirmos passar para uma nova etapa... seja lá qual ela for.
E só pra ressaltar(de novo), é claro, obvio e evidente que toda regra tem exceção.



O meu destino é caminhar assim
Desesperada e nua
Sabendo que no fim da noite serei tua
Deixa eu te proteger do mal, dos medos e da chuva
Acumulando de prazeres teu leito de viúva
Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor vem me buscar
Vamos ceder enfim à tentação
Das nossas bocas cruas
E mergulhar no poço escuro de nós duas
Vamos viver agonizando uma paixão vadia
Maravilhosa e transbordante, feito uma hemorragia

terça-feira, 15 de janeiro de 2008


Perdi-me muitas vezes pelo mar,
o ouvido cheio de flores recém cortadas,
a língua cheia de amor e de agonia.
Muitas vezes perdi-me pelo mar,
como me perco no coração de alguns meninos.
Não há noite em que, ao dar um beijo,
não sinta o sorriso das pessoas sem rosto,
nem há ninguém que, ao tocar um recém-nascido,
se esqueça das imóveis caveiras de cavalo.
Porque as rosas buscam na frente
uma dura paisagem de osso
e as mãos do homem não têm mais sentido
senão imitar as raízes sob a terra.
Como me perco no coração de alguns meninos,
perdi-me muitas vezes pelo mar.
Ignorante da água vou buscando uma morte de luz que me consuma

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008


Ontem foi um dia estranho, esquisito, anormal, descomunal, admirável, censurável, repreensivo, repulsivo, impróprio, excêntrico, extravagante, maníaco, apurado, exímio, colossal, exagerado, enfadonho, chato, aparente, doloroso, falso, impostor, maravilhoso, memorável, notável, sobressaltoso, imprevisto, inopiado, inesperado, súbito, repentino, bebêdo, biltre, patife, exaltado, estonteado, embriagado, inebriado, ébrio, alucinado, sequioso, cobiçoso, ávido, animoso, destemido, bravo, intrépido, denodado, resoluto, audaz, atrevido, audacioso, petulante, insolete, imodesto, descarado, agradável, desparatado.... acredite, foi tudo isso e ainda mais, só que fiquei com preguiça de pensar. Hoje, eu só quero dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir em paz.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008



Oh, mana
Não vale a pena pagar
Um centavo, um retalho de prazer
Oh, mana
Eu quero é morrer
Bem velhinho, assim, sozinho
Ali, bebendo um vinho
E olhando a bunda de alguém

Ilmo. Sr. Diretor do Imposto de Renda.

Antes de tudo devo declarar que já estou, parceladamente, à venda.
Não sou rico nem pobre, como o Brasil, que também precisa de boa parte do meu dinheirinho.
Pago imposto de renda na fonte e no pelourinho.
Marchei em colégio interno durante seis anos mas nunca cheguei ao fim de nada, a não ser dos meus enganos.
Fui caixeiro. Fui redator. Fui bibliotecário.
Fui roteirista e vilão de cinema. Fui pegador de operário.
Já estive, sem diagnóstico, bem doente.
Fui acabando confuso e autocomplacente.
Deixei o futebol por causa do joelho.
Viver foi virando dever e entrei aos poucos no vermelho.
No Rio, que eu amava, o saldo devedor já há algum tempo que supera o saldo do meu amor.
Não posso beber tanto quanto mereço, pela fadiga do fígado e a contusão do preço.
Sou órfão de mãe excelente.
Outras doces amigas morreram de repente.
Não sei cantar. Não sei dançar.
A morte há de me dar o que fazer até chegar.
Uma vez quis viver em Paris até o fim, mas não sei grego nem latim.
Acho que devia ter estudado anatomia patológica ou pelo menos anatomia filológica.
Escrevo aos trancos e sem querer e há contudo orgulhos humilhantes no meu ser.
Será do avesso dos meus traços que faço o meu retrato?
Sou um insensato a buscar o concreto no abstrato.
Minha cosmovisão é míope, baça, impura, mas nada odiei, a não ser a injustiça e a impostura.
Não bebi os vinhos crespos que desejara, não me deitei sobre os sossegos verdes que acalentara.
Sou um narciso malcontente da minha imagem e jamais deixei de saber que vou de torna-viagem.
Não acredito nos relógios... the pule cast of throught... sou o que não sou (all that I am I am not).
Podia ter sido talvez um bom corredor de distância: correr até morrer era a euforia da minha infância.
O medo do inferno torceu as raízes gregas do meu psiquismo e só vi que as mãos prolongam a cabeça quando me perdera no egotismo.
Não creio contudo em myself.
Nem creio mais que possa revelar-me em other self.
Não soube buscar (em que céu?) o peso leve dos anjos e da divina medida.
Sou o próprio síndico de minha massa falida.
Não amei com suficiência o espaço e a cor.
Comi muita terra antes de abrir-me à flor.
Gosto dos peixes da Noruega, do caviar russo, das uvas de outra terra; meus amores pela minha são legião, mas vivem em guerra.
Fatigante é o ofício para quem oscila entre ferir e remir.
A onça montou em mim sem dizer aonde queria ir.
A burocracia e o barulho do mercado me exasperam num instante.
Decerto sou crucificado por ter amado mal meu semelhante.
Algum deus em mim persiste
mas não soube decidir entre a lua que vemos e a lua que existe.
Lobisomem, sou arrogante às sextas-feiras, menos quando é lua cheia.
Persistirá talvez também, ao rumor da tormenta, algum canto da sereia.
Deixei de subir ao que me faz falta, mas não por virtude: meu ouvido é fino e dói à menor mudança de altitude.
Não sei muito dos modernos e tenho receios da caverna de Platão: vivo num mundo de mentiras captadas pela minha televisão.
Jamais compreendi os estatutos da mente.
O mundo não é divertido, afortunadamente.
E mesmo o desengano talvez seja um engano.


Texto extraído do livro "O amor acaba", Civilização Brasileira - Rio de Janeiro, 1999, pág. 259.



O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.


Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor. Eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários. De como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, trêmulamente construí, e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ... Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando
comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os

Depois de três anos, eu fui descobrir a pessoa maravilhosa que estava do "meu lado" e eu nunca tinha me aproximado, esse convênio, foi um dos melhores anos da minha vida por ter te conhecido, tu és lindo, e eu não quero que te afastes de mim, nunca, obrigada por ser a pessoa que sempre me ouve quando eu tenho meus probleminhas, por menores que sejam, tu sempre estás ao meu lado, desde de que resolveste me acompanhar... meu amigo, meu marido, meu companheiro, meu amante, meu lindo, eu te amo.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008


Se quando nós pensamos em uma pessoa por muito tempo, um pensamento contínuo que corroe todo o nosso cérebro dando a impressão de que não conseguimos pensar em mais nada naquele momento a não ser na pessoa, será que ela pensa de volta? pode haver uma conexão entre as pessoas? entre afinidades, entre desejos e defeitos...
Se alguém fez boa parte da tua vida, e das lembranças felizes que tens dela, ela pode ficar pra traz um dia? e se essa pessoa consegue te fazer tão bem em pouco tempo, com um único sorriso e simplesmente pode estragar tudo isso, retribuindo um olhar... faz bem e mal ao mesmo tempo.
Qual o propósito de gostar de pessoas que só nos fazem sofrer? será que precisa haver um propósito? e se não existir propósito, por que não paramos de nos magoar sempre, e magoar pessoas que gostamos?
Dois copos de cerveja te fazem pensar tudo isso? haha

Bons Leitores